ATA DA QUINTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA
DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 22.01.1997.
Aos vinte e dois dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e
noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a
Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e
trinta minutos foi realizada a chamada,
sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Garcia, Clovis Ilgenfritz, Eliseu Sabino, Guilherme Barbosa, João Dib,
Juarez Pinheiro, Paulo Brum e Renato Guimarães, Titulares, João Carlos
Nedel, Suplente. Ainda, durante a presente Reunião, responderam à chamada os
Vereadores Fernando Záchia, Gerson
Almeida, Isaac Ainhorn, José Valdir e Maria do Rosário, Titulares, Antonio Hohlfeldt e Cyro Martini,
Suplentes. Constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Quarta Reunião
Ordinária que, juntamente com a Ata da Terceira Reunião Ordinária, foi aprovada. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios
nºs 21/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 2239 e 2241/96,
02 e 05/97, do Deputado Federal Mendes Ribeiro Filho; 01/97, do Vereador
Edson Fidelsino S. Gomes, Presidente da Câmara Municipal de Lavras do Sul/RS;
01/97, do Vereador José Alfredo Orth, Presidente da Câmara Municipal de Campo
Bom/RS; 01/97, do Vereador Juarez de Souza, Presidente da Câmara Municipal de
Viamão/RS; 01/97, do Vereador Manoel Carpes, Presidente da Câmara Municipal de
Manoel Viana/RS; 01/97, da Vereadora Sandra Regina Alves da Silva, Presidente
da Câmara Municipal de Formigueiro/RS; 01/97, do Vereador Pedrinho Patias,
Presidente da Câmara Municipal de Jóia/RS; 01/97, da Vereadora Vera Kern
Hoffmann, Presidenta da Câmara Municipal de Ivoti/RS; 01/97, do Vereador Adelar
Jandrey Soares, Presidente da Câmara Municipal de Barros Cassal/RS; 01/97, do
Vereador Fábio Márcio de Freitas, Presidente da Câmara Municipal de
Serranópolis/GO; e 01/97, do Vereador Antonio Graciano Pacheco, Presidente da
Câmara Municipal de Guaíba/RS. À MESA foram encaminhados: pela Vereadora
Anamaria Negroni, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Antonio Hohlfeldt,
03 Pedidos de Providências; pelo Vereador Cyro Martini, 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador Fernando Záchia, 01 Pedido de Providências; pelo
Vereador Juarez Pinheiro, 01 Pedido de Informações nº 02/97 (Processo nº
207/97). A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada
a ORDEM DO DIA e foram aprovados os seguintes Requerimentos, votados
nominalmente por solicitação do Vereador Clovis Ilgenfritz: de autoria da
Vereadora Maria do Rosário, o Requerimento nº 06/97 (Processo nº 111/97), aprovado
por onze votos Sim e um voto NÃO, após ser encaminhado à votação pelos
Vereadores Maria do Rosário,
João Dib e Isaac Ainhorn, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell,
Carlos Garcia, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme
Barbosa, Isaac Ainhorn, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Paulo Brum e Renato
Guimarães, e votado Não o Vereador João Dib;
de autoria do Vereador Adeli Sell, o Requerimento nº 11/97 (Processo nº
279/97), aprovado por oito Votos SIM e quatro Votos NÃO, após ser encaminhado à
votação pelos Vereadores Adeli
Sell, João Dib, Fernando Záchia, Gerson
Almeida e Antonio Hohlfeldt, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Carlos
Garcia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, Juarez Pinheiro,
Maria do Rosário e Renato Guimarães, e votado Não os Vereadores Eliseu Sabino,
Fernando Záchia, João Dib e Paulo Brum. Após, o Senhor Presidente deu ciência
ao Plenário de Ofício encaminhado pelo Vereador Reginaldo Pujol, comunicando
que estará ausente das reuniões plenárias nos dias vinte e dois e vinte e três
de janeiro do corrente ano, em virtude de viagem a Brasília. Em prosseguimento,
o Senhor Secretário procedeu à leitura de Parecer da Procuradoria da Casa,
atendendo consulta formulada pelo Vereador Fernando Záchia, quanto à validade
da Resolução nº 1331/96, face ao arquivamento, por força regimental, do Projeto
de Lei do Executivo que encaminhou o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib teceu considerações sobre a falta
de respostas aos Pedidos de Informações feitos pelos Vereadores, declarando tratar-se
de um desrespeito do Executivo Municipal por esta Casa. Em COMUNICAÇÕES, o
Vereador Carlos Garcia fez referência à passagem, dia dezenove de janeiro do
corrente, do décimo quinto aniversário de falecimento da cantora Elis Regina.
Ainda, teceu comentários a respeito da Contribuição Provisória sobre
Movimentações Financeiras, em especial quanto a sua cobrança e aplicação dos
recursos obtidos. O Vereador Clovis
Ilgenfritz discorreu sobre sua participação na abertura da Festa de Nossa
Senhora dos Navegantes. Falou da visita do Vice-Prefeito José Fortunati à
Presidência da Casa, dia dezessete de janeiro do corrente, na condição de
Secretário do Governo Municipal. Registrou, também, visita recebida do Senhor
César Krob, organizador do Baile Municipal de Porto Alegre. Ainda, comentou
reunião mantida com o Presidente do Sport Club Internacional, Senhor Pedro
Paulo Záchia, da qual participaram os
Vereadores Hélio Corbellini, Cláudio Sebenelo e Fernando Záchia, para discutir
assuntos referentes à ocupação de áreas públicas por aquele clube. O Vereador
Gerson Almeida participou o envio de Voto de Congratulações pelo centenário do
Senhor Barbosa Lima Sobrinho, reportando-se a fatos da vida e da trajetória
política deste jornalista. O Vereador João Dib referiu-se ao transcurso dos cem
anos do Jornalista Barbosa Lima Sobrinho e dos setenta e cinco anos do Senhor
Leonel Brizola. Criticou o uso do Salão Nobre da Prefeitura para a realização
de ato político contra a reeleição do Presidente da República e de Governadores
e Prefeitos. Finalizando, questionou a existência de uma parada de
táxis-lotação sobre o Viaduto Loureiro da Silva. Às onze horas e vinte
minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Reunião<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164
mm><AF=261 mm> Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn e
Paulo Brum e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Havendo
quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
Há, na Mesa, Requerimento nº
06/97 da Verª Maria do Rosário solicitando que o Grande Expediente do dia 17 de
fevereiro de 1997, da Sessão Ordinária, seja destinado a homenagear a luta em
defesa do Patrimônio Público e da Soberania Nacional.
A Verª Maria do Rosário está
com a palavra para encaminhar.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o sentido deste Requerimento é o de propor à
Casa um ato político, como é da natureza da Câmara Municipal, de que a 1ª
Sessão Legislativa Ordinária do dia 17 de fevereiro seja destinada, no seu
Grande Expediente, a homenagear a luta em defesa do Patrimônio Público e da
Soberania Nacional, porque temos uma larga tradição nesta Cidade de defender a
Nação brasileira. Nunca foi tão importante como nos dias de hoje, discutirmos,
debater e dar a nossa posição como Câmara Municipal, ensejando o posicionamento
da nossa gente, da nossa população sobre a defesa do patrimônio público.
O discurso fácil das
privatizações tem levado o nosso País a sérios problemas. Observamos, nos
últimos anos, e desde o Governo Collor, esse discurso como uma presença
constante vindo sempre com as palavras da modernidade, sempre articulando com a
palavra de um estado mais moderno. No entanto, se iniciativas têm sido tomadas,
e se várias empresas públicas têm sido entregues ao capital privado, inclusive
com a justificativa de que é preciso enfrentar o monopólio público e assim
constituir cada vez mais o fortalecimento de grandes grupos econômicos e do
monopólio privado, de outro lado os recursos provenientes desses esquemas de
privatização são sempre articulados através de moedas podres e não trazem
qualquer benefício ao povo brasileiro. Numa época em que vivemos de tantas
dificuldades para a nossa gente, vemos o Governo deste País e, também, deste
Estado comprometer o futuro da Nação brasileira na perspectiva de que ela possa
ser verdadeiramente soberana, autodeterminada, a partir de empresas públicas que devem não somente
estar sob o controle do Estado, mas sob o controle da população, gerenciadas de
uma forma transparente. Se existem problemas nessas empresas, a verdade é que o
gerenciamento inadequado, o favorecimento de poucos através delas e de
políticas não desenvolvidas para a maioria da Nação, para que o enfrentamento da
exclusão social, essas é que levaram a que verdadeiros problemas fossem
desenvolvidos a partir de uma série de empresas públicas. Hoje, a Vale do Rio
Doce, inclusive, salientada num dia importante
como o do aniversário do nosso querido Barbosa Lima Sobrinho, chama-nos
a atenção para a defesa do patrimônio público nacional.
Portanto, Srs. Vereadores,
entendo o intento que V.Exas. me
fizeram, e considerando também nesta fala uma homenagem a essa figura nacional
da maior grandeza, parece-me que devemos, enquanto Câmara Municipal,
desenvolver um ato, nesta Casa, no dia 17 de fevereiro, que reúna todas as
forças da sociedade porto-alegrense, do Estado do Rio Grande do Sul e deste
País que estejam colocadas ao lado da defesa do patrimônio público, da soberania
nacional; portanto, na defesa da democracia, dos direitos humanos, dos direitos
sociais e da justiça social. Proponho aos meus pares que façamos nesse dia uma
homenagem a todos os que lutam pela democracia em todos os tempos,
especialmente nesta época, e que aprovemos este Requerimento de Grande
Expediente. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. João Dib está com a palavra, para encaminhar.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, no dia 1º de janeiro de 1997, alguns de nós,
reiteradas vezes, e outros, pela primeira vez,
fizeram um juramento assim lido: "Prometo cumprir a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, defender a
autonomia municipal, exercer com honra, lealdade e dedicação o mandato que me
foi conferido pelo povo. "
O Prefeito jurou cumprir a
Lei Orgânica, as leis da União, as leis do Estado e do Município, exercer o
mandato que lhe foi conferido pelo
povo, na defesa da justiça social, da eqüidade dos munícipes. Agora, a nobre
Verª Maria do Rosário propõe homenagear a luta em defesa do patrimônio público e da soberania nacional.
Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu sempre digo que o Vereador, antes de fazer leis, deve
fiscalizar. É obrigação do Vereador, não no dia 17 de fevereiro, mas em todos
os dias do ano, toda a sua vida - do cidadão, não só o Vereador, mas o Vereador
em especial -, assegurar a defesa do patrimônio público e a soberania nacional.
Não há por que esta Casa, no dia em que
inicia a sua Sessão Legislativa normal, deste ano, fazer uma Sessão onde as bancadas não terão o direito de
falar porque, na forma do regimento, falam os que estão inscritos no Grande
Expediente e, eventualmente, pode se
usar a Comunicação de Liderança para se fazer a transmissão da colocação de
cada um de nós.
Eu não vejo porque no dia 17
de fevereiro nós tenhamos que dizer que somos brasileiros. Na verdade, todos os
brasileiros têm que defender a soberania nacional, a propriedade pública. Nós
não podemos levar a Casa, como um todo, a um posicionamento que tem que ser
discutido pelo povo brasileiro, sim, e não por alguns Vereadores, por alguns
políticos, que têm opiniões definidas e
que são contrárias a tudo que se pretende a partir do governo brasileiro
e do governo estadual.
Muito interessantes as colocações partidárias. Hoje, ainda, li que a Bancada do Partido dos
Trabalhadores, na Assembléia, negou ao Estado a possibilidade de fazer um
empréstimo para a recuperação das rodovias gaúchas. E nós, aqui, fazemos
empréstimos todos os dias e até desonestamente são publicadas as leis que a
eles correspondem. E é claro que não é este o assunto que está sendo tratado, e
vou tratar depois desta desonestidade, desta falta de seriedade, desta falta de
dignidade, desta falta de honra que deve ser fiscalizada. É por isso que sou
intolerante, que sou chato, porque venho a esta tribuna e sou Vereador, sou
fiscal que o povo colocou aqui e não me colocou aqui simplesmente para me
posicionar contra todas as coisas que o Governo Federal deseja ou o Governo
Estadual. Colocou-me, em primeiro lugar, para fiscalizar o Executivo Municipal
e não vejo razão, por mais respeito que tribute à nobre Verª Maria do Rosário,
para que se realize essa Sessão alterando o Grande Expediente. E digo mais, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, é preciso que termine essa história de usar o
Grande Expediente para que se trate de problemas que não são da Cidade de Porto
Alegre. Passamos todo o ano passado praticamente sem usar o Grande Expediente
para tratar dos problemas de Porto
Alegre, porque sempre tinha alguém homenageando a não sei quem. Então, acho que
não se deve já, no primeiro dia, começar pelo caminho errado. Sei que talvez
esteja pregando no deserto, mas tenho convicção do que estou dizendo aqui,
agora. Sou um fiscal do povo de Porto Alegre. Claro que sou um cidadão
brasileiro e todos são, não precisamos ser lembrados que a soberania nacional
deva ser defendida todos os dias e, como se defende a soberania nacional, eu
gostaria de saber com dados melhores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra o Ver. Isaac Ainhorn, para encaminhar.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. A Bancada do Partido Democrático Trabalhista
desta Casa assoma à tribuna para manifestar a sua concordância com o
Requerimento formulado pela Verª Maria do Rosário no sentido de que o primeiro
Grande Expediente do dia 17 de fevereiro, da 1ª Sessão Legislativa desta Casa,
da XII Legislatura deste Legislativo Municipal, seja destinado a homenagear a
luta em defesa do patrimônio público e da soberania nacional. Manifestamos o
nosso apoio e solidariedade em relação a essa oportuna iniciativa da Verª Maria
do Rosário. Nada melhor do que abrirmos a instalação da Sessão Legislativa da
XII Legislatura do Legislativo Municipal, que tem bancadas progressistas,
bancadas que têm compromisso com o patrimônio público e com a soberania
nacional - e tenho certeza de que é um compromisso da quase totalidade dos
Vereadores desta Casa e do próprio Ver. João Dib que apenas manifestou a sua
contrariedade com relação ao dia - com essa homenagem. E quem fala aqui, Ver. João Carlos
Nedel, não é um Vereador que passa
usando a tribuna para tão-somente
discutir os temas nacionais e internacionais; não: é um Vereador que
considera que o Legislativo Municipal tem por objetivo fundamental a discussão
dos temas da Cidade de Porto Alegre.
Neste início de Legislatura,
já começamos discutindo a intrincada questão do aeromóvel para a Cidade de
Porto Alegre. Por iniciativa do Ver. Carlos Garcia e do Ver. Nereu D'Ávila,
estamos discutindo a questão dos parques, praças e jardins da Cidade de Porto
Alegre e do cercamento ou não do Parque da Redenção. Neste início de
Legislatura, este Vereador vai usar a tribuna para denunciar uma verdadeira
indústria que está-se implantando na nossa Cidade e sobre a qual este Legislativo deve ter uma posição muito
equilibrada: as invasões de áreas de preservação do meio ambiente que estão
sendo violentamente atingidas, ameaçando inclusive o ecossistema da nossa
Cidade. Mas não podemos abstrair a importância de que há uma verdadeira
transferência do patrimônio público do nosso País, e Porto Alegre, que é uma
cidade de tradições nas lutas das classes populares e das causas nacionais, não
pode estar alheia a esses
episódios. E nada melhor, Verª Maria do
Rosário, do que votarmos esse Requerimento hoje. Acho que V. Exa. foi feliz, na
escolha do dia da votação desse Requerimento, quando coincide a votação desse
Requerimento da defesa do patrimônio público nacional com o centenário de
Barbosa Lima Sobrinho, pois esta Casa deve dedicar hoje, o dia inteiro, toda a
sua Sessão, para prestar homenagem a
este grande homem público brasileiro que se chama Barbosa Lima Sobrinho.
Em primeiro lugar pela singularidade, um homem íntegro chegar aos cem anos de idade na sua total lucidez,
desempenhando um papel importante dentro da vida cultural e política da Nação.
Reconheço neste momento a grande oportunidade da coincidência da votação desse
Requerimento com o centenário do nacionalista, do honesto, do probo homem
público Barbosa Lima Sobrinho, que hoje
comemora o seu centenário. Ele esteve à frente das grandes lutas, como a da
PETROBRÁS, como em defesa do patrimônio nacional, símbolo do nacionalismo econômico-brasileiro. Portanto, encerro manifestando a posição da Bancada do
Partido Democrático Trabalhista nesta Casa totalmente favorável à iniciativa da
Verª Maria do Rosário. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra o Ver. Gerson Almeida. Desiste.
Em votação o Requerimento da
Verª Maria do Rosário.
O SR. JOÃO DIB
(Questão de Ordem): O Sr. Presidente não pode votar.
O SR.
PRESIDENTE:
A Questão de Ordem do Ver. João Dib é pertinente, neste caso o Presidente não
pode votar. (Após a chamada.) 11 votos SIM
e 1 voto NÃO. APROVADO o Requerimento.
O SR. 1º
SECRETÁRIO:
Requerimento nº 11/97, de autoria do Ver. Adeli Sell, uma Moção de Repúdio à
proposta de reeleição do Governo Federal. (Lê a Moção.)
O SR.
PRESIDENTE:
Em votação o Requerimento do Ver. Adeli Sell. (Pausa. ) O Ver. Adeli Sell está
com a palavra.
O SR. ADELI
SELL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. Gostaria de apelar aos colegas Vereadores para a
aprovação desta Moção. Acredito que é fundamental que esta Casa se manifeste
condenando a reeleição do Presidente da República, porque, na nossa opinião e
na opinião de muitos segmentos importantes da nossa sociedade, a mudança no
meio do mandato do Presidente da República, no meio do mandato dos governadores
e agora, também, no início do mandato
dos prefeitos, portanto, quando os mandatos já estão em vigor, é
inconstitucional, ilegal e ilegítimo mudar essa regra do jogo. Nós estamos,
além dessa questão legal, levantando a
questão moral, porque, de fato, nós não estamos vendo Fernando Henrique Cardoso
governando e resolvendo os graves problemas da Nação; nós temos o desemprego,
nós temos o cruel abandono da nossa agricultura, e nós aqui no Rio Grande do
Sul, não nos podemos calar diante dessa grave situação.
O Presidente da República
passa sistematicamente o seu tempo, no qual deveria estar governando,
resolvendo esses problemas, ouvindo a Nação, pressionando os deputados,
pressionando governadores a favor de um único interesse que é um interesse seu,
particular. E isto é condenável diante da situação grave que vive o nosso povo.
Por isso, estamos apresentando essa Moção, para nos somarmos a tantos e tantos
brasileiros que hoje se opõem a esse processo. Nós tivemos agora a manifestação
de prefeitos, aqui em Porto Alegre, por iniciativa do nosso Prefeito e
Vice-Prefeito; nós vimos, recentemente, a Convenção Nacional do PTB, em que
significativos setores desse Partido se manifestaram, apesar da pressão de
alguns Vereadores, apesar da pressão particular do Governador Antonio Britto no
Rio Grande do Sul, fazendo com que, inclusive, um Deputado suplente do PMDB
saia da Câmara, volte para o Estado e lá se apresente um de seus Secretários,
que não é do seu Partido, é do PTB, para lá votar favoravelmente à reeleição.
Nós já vimos isso em outras
circunstâncias, nós também estamos vendo que significativos setores e talvez a
maioria do PTB, em nível nacional, se opõe à reeleição. Nós temos que dialogar
com os Vereadores de todas as Bancadas para que, juntos, possamos firmar um
compromisso desta Casa contra a reeleição, fazendo com que aquilo que se decida
em Porto Alegre na Câmara de Vereadores, tenha eco, ressonância em todo o
Estado do Rio Grande do Sul para que nossos Vereadores do Estado se manifestem,
tomem posição, para que os Prefeitos, enfim, a sociedade se envolva neste
debate e que se decida isso com a máxima urgência, porque o Congresso Nacional
foi chamado de forma extraordinária para decidir esta questão. No entanto,
passado mais de 1/3 da convocação extraordinária, não há decisão e os
Deputados, diferentemente de nós aqui da Câmara Municipal, recebem pelas Sessões Extraordinárias, quando deveriam estar votando outras questões
importantes que há anos estão, lá, no Congresso Nacional.
Volto a insistir, quem tem
interesse pelo Rio Grande do Sul, pelo seu desenvolvimento, não pode calar
diante da nefasta situação da nossa agricultura e aqui há muitos Vereadores que
vieram do interior do Estado; lá têm seus parentes, seus amigos e nós temos que
levantar a nossa voz porque não existe política agrícola neste País. Nós vamos
sucumbir diante dos grandes interesses de nove grandes empresas multinacionais
que dominam a questão dos alimentos, e o nosso Presidente da República nada
faz, legisla em causa própria, quer mais quatro anos para o seu governo, um
grande balcão de negociações que não se compara àquilo que foi o Governo
Sarney.
É lastimável que estejamos
diante de tal situação, por isso eu conclamo os colegas Vereadores a votarem
favoravelmente a esta Moção. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. João Dib está com a palavra, para encaminhar.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Sistematicamente eu tenho sido contra as Moções
de Repúdio e, até, contra aquela de triste memória proposição de "persona
non grata" aprovada nesta Casa. Mas, se eu tivesse que fazer uma Moção de
Repúdio eu o faria ao Prefeito Tarso Genro, ao Prefeito Raul Pont, mas eu
prefiro fazer uma advertência: vejo aqui e tenho nas minhas mãos um Pedido de
Informações, de novembro de 1996 que até hoje não foi respondido, e o Prefeito
já foi advertido por isso. São dois novos Prefeitos, que não respeitam a
Câmara. E a Câmara deixou o povo desta Cidade ser lesado, em dezembro de 1992,
quando o Prefeito desta Cidade publicou uma lei que não tem a Redação Final até
hoje. Essa lei lesou todos os munícipes, em matéria de Imposto Predial e
Territorial Urbano. Eu não vi ninguém propor uma Moção de Repúdio a um ato
"tão correto" do Prefeito. Ninguém, ninguém propôs. Eu até entrei na
justiça e terminei, por informações errôneas que partem do Executivo, não
ganhando. Mas aqui tenho duas leis aprovadas no dia 08 de novembro nesta Casa,
publicadas no dia 11 de novembro por S. Exa. o Sr. Prefeito. Provavelmente os
efeitos delas foram aplicados no próprio dia 08, e a Redação Final só chegou à Prefeitura no dia 13 de novembro. Eu
não vi Moção de Repúdio ao Prefeito de então, Dr. Tarso Genro. Eu não vi Moção
de Repúdio da Câmara Municipal ao PT, quando substituiu seus Vereadores porque
não concordavam com pontos de vista do Executivo, e a iniciativa de ser substituído era do próprio Vereador que votaria
contrariamente ao Projeto de Lei. Eu não vi. Então, nada de excepcional quando
o meu partido troca um suplente mandando o titular, que tem uma posição
definida. Até é um direito, um dever, exercer a sua posição. Aqui, o titular
saía para dar lugar ao suplente; lá, foi o contrário, o suplente saiu para o
lugar do titular. Agora, se fizessem uma advertência ao Congresso Nacional, aí
eu estaria inteiramente ao lado, porque eu não entendo que o Congresso Nacional
não examine o Orçamento da República - que não sabe a quantas anda - para
discutir a Emenda da reeleição. Eu não tenho nada contra a reeleição. Eu sou
favorável à reeleição. Não sei se esse é o momento e talvez não seja; o
Presidente da República não deveria interferir pessoalmente, mas eu sou
favorável à reeleição, com aquele que deseja a reeleição se mantendo no posto
que ocupa, quer seja Prefeito, Governador ou Presidente da República, porque eu
não gosto de nada escondido, nada que não seja claro.
Não adianta o indivíduo se
licenciar da Presidência da República, da Prefeitura ou do Governo do Estado e
fazer maiores barbaridades, até porque se não é ele que vai fazer, outro faz.
Então, não tem sentido. Não tenho porque aceitar a
Moção de Repúdio. Já coloquei bem: geralmente, sou contrário a Moção de
Repúdio; dificilmente, meu voto é favorável. Se eu perguntar ao povo brasileiro
se ele quer a reeleição, ele vai dizer
que sim. E esse é o medo de todos os candidatos, inclusive do candidato do meu
partido, Paulo Salim Maluf: é de ter que disputar com Fernando Henrique
Cardoso. É claro que se Paulo Salim Maluf for candidato, terá o meu voto.
Ninguém tenha dúvida disso. Mas a verdade é uma só: os Lulas da vida, os Tarsos
Genros da vida, prováveis candidatos à Presidência da República pelo Partido
dos Trabalhadores, também não querem disputar com Fernando Henrique Cardoso.
Essas são as colocações. Os mesmos que aqui pedem financiamentos - que nós
autorizamos - na Assembléia os impedem. Então, depende da posição: pedra ou
vitrine. Para mim é indiferente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Fernando Záchia está com a palavra, para encaminhar.
O SR. FERNANDO
ZÁCHIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, primeiramente, uma Moção de Repúdio contra a
reeleição - posição desta Casa que tem que ter essa preocupação - é muito
forte, demasiadamente forte. Repudiar
um direito do cidadão parece-me, Ver. Adeli Sell, extremamente demasiado para a
normalidade dos grandes países deste mundo.
Discute-se, até com certa
boa-vontade, que talvez não fosse o melhor momento, que talvez a reeleição
devesse ter sido mais amplamente discutida e votada na Reforma Constitucional.
Até entendo que naquele momento - 1988 - o País não vivia a mesma tranqüilidade,
Ver. Isaac Ainhorn, política e econômica que vive agora. Entendo que o momento
da estabilidade emocional que vive a classe política hoje é bem melhor do que a
de 88. Então existe um clima, e esse problema deve ser enfrentado. Parece-me,
Ver. Guilherme Barbosa, que a reeleição é um direito de todo cidadão. Se
estamos encaminhando um reeleição e isso indica que Fernando Henrique vai ser
mantido no posto, me parece que ele tem feito uma administração que seja da
vontade do povo, que quer a permanência dele como Presidente da República.
Honestamente, não sei, até agora faltando quase dois anos para a eleição, diria
que se encaminha para isto. Mas, veja
Ver. Carlos Garcia, mais dois anos comandando o País, pode ser que se
mude esse encaminhamento.
Se estamos fazendo uma boa
administração em Porto Alegre, se fosse permitida a reeleição - vamos
desenvolver este raciocínio - o Prefeito seria Raul Pont? Parece que não, o
Prefeito seria Tarso Genro. Quem elegeu Raul Pont, pelos seus méritos, pelas
lideranças do Partido, foi o Governo Tarso Genro, que só não pôde dar
continuidade como Prefeito de Porto Alegre porque não era permitida a
reeleição. Por que vamos estar privando uma cidade de ter o mesmo dirigente, o
mesmo Prefeito se ele tem aceitação popular? Nada me garante, pela capacidade,
pela condição de Raul Pont de dirigir a Cidade, nada me garante que ele vai ter
a mesma sustentação, a mesma capacidade que o seu anterior teve.
Ora, usar a máquina pública,
o Raul Pont era Vice-Prefeito e se licenciou do cargo, e ninguém acusou aqui
que o Tarso Genro usou a máquina pública em favor do Raul Pont, ninguém, nem a
oposição.
Então, hoje, ele estando no
cargo, se tivesse que usar a máquina pública usaria para o seu candidato, que
era Vice-Prefeito e seu já candidato a Prefeito. Essa discussão de uso da
máquina pública me parece prematura, parece que estamos desconsiderando a
capacidade dessas pessoas, a legitimidade de as pessoas governarem o País.
Sou contra a Moção de
Repúdio porque é uma posição forte que esta Câmara vai adotar, quando parece
que não manifesta a vontade popular. Hoje, se se fizesse uma pesquisa, um
ensaio mais profundo, talvez a manifestação popular fosse favorável. É uma
sensação que tenho. Mas, tenho a convicção de que é uma coisa extremamente dividida,
que a opinião pública hoje nos leva, no mínimo, a uma divisão: favoráveis e
contras. Se tomarmos uma posição de repúdio à reeleição - estamos representando
o povo de Porto Alegre - certamente não estaremos representando, no mínimo, a
vontade da metade da população. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra. Desiste. O Ver. Gerson Almeida
está com a palavra, para encaminhar.
O SR. GERSON
ALMEIDA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou pedir licença para que, ao me
posicionar sobre essa proposta de Moção, de iniciativa do Ver. Adeli Sell,
assim como a de vários outros Vereadores da Casa, fazer uma relação e um nexo
com uma data importante, que foi lembrada aqui pelo Ver. Isaac Ainhorn. O dia
de hoje, marca o centenário do cidadão Barbosa Lima Sobrinho, uma figura que
se confunde com a história republicana
deste País e com as principais lutas das últimas décadas. Como lutador
incansável e como pessoa presente nas principais lutas democráticas deste País
ele, em relação ao tema que estamos discutindo, disse-se claramente contrário à
reeleição, porque, segundo ele, o Brasil sempre proibiu nas Constituições
Republicanas a questão da reeleição, ou seja, não é um direito do cidadão à
reeleição que está sendo cerceado, não por essa Moção, mas por todos aqueles
que são contrários à reeleição; ao contrário, a reeleição não é o direito de nenhum dirigente tanto em nível
municipal, estadual, quanto federal consagrado nas várias Constituições que a
República teve. Portanto não se trata de um direito ou cerceamento de um
direito, mas trata-se de repudiar, sim, um ato de mudar as regras do jogo no
meio da partida.
Ver. Fernando Záchia, V.
Exa., que é bastante ligado ao futebol, sabe que isso no futebol tem um nome,
que é manobra, que é golpe, e a população sabe muito bem o que é mudar as
regras no meio de qualquer procedimento. Se no futebol isso não é tolerado, imagine
no Governo de uma Nação; imagine nas regras democráticas de estado. Muito pior
ainda é quando se trata de mudar as regras no meio do caminho. A população do
Brasil sabe muito bem o que significa isso, tanto que não aceita que nem numa
"pelada" de futebol se mudem as regras do seu andamento; e é disto
que se trata: de impedir que se mudem as regras no meio do andamento da disputa
do jogo democrático.
É isso que o Presidente
Fernando Henrique Cardoso - que iniciou seu governo dizendo que as reformas do
Estado eram fundamentais, e que o País ficaria paralisado, e que era
ingovernável, se as reformas nos Estados não fossem feitas, que o Congresso
seria responsabilizado se não votassem todas as propostas - está fazendo. Onde
estão as propostas de reforma do Estado? Elas estão absolutamente paradas, a
reforma da Previdência está paralisada, as demais reformas estão paralisadas, por quê? Porque qualquer
mudança, hoje, em qualquer área da gestão do Estado, pode criar profundas
fissuras na base de sustentação do Governo, ou seja, aquele discurso, de que elas
eram fundamentais, perdeu-se em função dos interesses mais fisiológicos do
Governo, que é de manter mais quatro anos para a sua reeleição. Para o quê?
Para onde? Com quem? Por que o Governo não gasta tempo dizendo o porquê da
reeleição? Nenhum Líder do Governo gasta tempo dizendo porque quer isso. Na
verdade a República está jogada, hoje, à vontade de um cidadão e de um grupo
que, em torno dele, quer defender os seus interesses e não os interesses
maiores, soberanos da Nação. Essa é a verdade. O PT, por exemplo, tem uma
proposta de reforma tributária, uma das coisas mais necessárias neste País, mas
elas não são tocadas, porque isso feriria profundos interesses da base
oligárquica, que dá sustentação política a esse Governo, que faz um discurso
liberal, mas, na verdade, sustenta seus lucros, as suas grandes fortunas com,
na maior parte dos casos, verbas públicas, benefício que o Estado lhes assegura
e lhes dá, visto que as leis cartoriais garantem "ad eternum", o que
não se pode mudar. Por quê? Porque isso significaria refazer um sedimento da
base social governista. O que estamos vendo é um escândalo; é um escândalo
querer, no meio do jogo, estabelecer reeleição. Por isso, temos que aprovar a
Moção, da iniciativa do nobre Ver. Adeli Sell; e mais, relacionar isso,
fortemente, com o centenário de Barbosa Lima Sobrinho, porque ele aos cem anos, na sua lucidez, sempre nos
ensinou que nenhuma Constituição previu: por que vamos mudar a regra do jogo,
agora? Ele, que foi um defensor, também, da soberania do Estado e
Vice-Presidente do Comitê Nacional em Defesa do Vale do Rio Doce. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt para encaminhar.
O SR. ANTONIO
HOHFELDT:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, minha dúvida é se eu poderia intervir no
debate, sobretudo no espaço de encaminhamentos, por não ser o titular nesta
Sessão. A orientação da Mesa me permite isso - embora não possa votar a Moção
de maneira formal - o que fez com que eu, momentaneamente, retirasse a minha
inscrição.
Respondo algumas questões,
levantadas pelo Ver. Gerson Almeida, na Liderança do PT. Mudança de regra de
jogo, no meio do jogo, foi o que fez o PT, por exemplo, no encaminhamento do
acordo com a Mesa Diretora desta Casa: discutia com um bloco e fechou o acordo
com outro, isso é mudança de regra de jogo. Mudança de regra de jogo é o
discurso pela transparência das coisas públicas e pelo respeito ao bem comum,
enquanto ocorre a manutenção de um funcionário fantasma na Câmara de São Paulo.
Isso é o PT que eu conheci, na sua fundação, e o PT de hoje, sobretudo no
encaminhamento que está dando com o acobertamento daquele cidadão que sai com
honras da direção do Partido, é licenciado, quando, aqui, anos atrás, em
situação semelhante, daria em cassação do companheiro dentro do Partido dos
Trabalhadores. Mudança de regra de jogo é, eventualmente, para fazer um
contrato, um acordo por escrito, prometendo coisas na Mesa Diretora da Câmara,
sabendo que não seria cumprido. Voltaremos a discutir isso nos próximos dias.
Realmente distribuir para a imprensa um acordo de Mesa, garantindo certas
coisas, e depois não cumprir, é quebra de palavra, mais do que mudança de jogo. O PT não tem condições de
vir pregar moral de cuecas neste Plenário, ou em Moções de Repúdio ou qualquer
outra coisa, porque hoje está no mesmo saco, na defesa dos seus interesses.
Em segundo lugar, talvez
porque o autor da Moção não tenha prática em redação final desses documentos, a
redação do documento não é para ser assinada pelo PT. Raul Pont não é o nosso
prefeito, não é meu, e acho que não é do PDT, do PFL, do PPB e não é do PMDB -
é daqueles partidos que fizeram coligação com o PT e ganharam. Ele é o Prefeito
de Porto Alegre, mas não é nosso Prefeito. Merece o respeito de todos nós. O
Partido tem quatorze Vereadores em Plenário e pensa que a Câmara toda é
petista, mas não é; ao contrário, a maioria da Câmara não é petista, porque os
petistas são apenas quatorze e, portanto, há uma pequena diferença nesse caso.
Eu pensei que nós teríamos
aqui uma Moção de Repúdio a uma situação, à qual o Ver. Juarez Pinheiro ainda
não me respondeu - ele que gosta de me cobrar situações do Presidente Fernando
Henrique, quando eu não estou em
Plenário, e não me responde à situação que
levantei aqui, na semana passada, sobre a Vila Jardim, e a evidente
má-fé do Prefeito Tarso Genro de encaminhar um Projeto a esta Casa, quando já
estava com uma liminar judicial contra a Prefeitura lá, na Vila Jardim,
proibindo de fazer as obras, enganando e usando a Câmara, alegando o
encaminhamento do Projeto da Câmara para fazer votar, aqui, na base da pressão,
e depois as obras ficaram paradas até hoje, e estas não vão prosseguir, com
toda a certeza, nem depois que a Justiça retomar o seu trabalho.
Há contradições fantásticas,
e o Ver. João Dib pegou uma delas muito bem. Que contradição é essa, que
Governo, tão ruim, de Fernando Henrique Cardoso mete tanto medo numa reeleição?
Por exemplo, será que o Governador Alceu Collares teria se recandidatado logo
ao final do seu mandato ao Governo do Estado? Teria a coragem de correr esse
risco? Pois Fernando Henrique está correndo esse risco, e Antonio Britto
também, com toda a certeza. O PT diz hoje aqui, de público, que, ainda que
aprovada a reeleição, o Prefeito Raul Pont não concorre daqui a quatro anos,
ou, aí, mudadas as regras do jogo, sem ter sujado as mãos, o Prefeito Raul Pont poderá concorrer
novamente? Eu não ouvi o PT ainda dizer isso, eu ouvi o Prefeito dizer que não
aceita nada, nem referendum, nem plebiscito, nada. Eu não ouvi o PT dizer,
nacionalmente, que nenhum Prefeito do PT vai concorrer a reeleição independente
da situação, não ouvi. Isso a gente dizia aqui em outras situações, em outras
discussões polêmicas nesta Casa. Assumia-se, antecipadamente, com clareza,
posições. Aliás, o Prefeito Tarso Genro disse isso com muita clareza, pelo
menos ele teve hombridade, dizendo que se houvesse reeleição ele não
concorreria. Isso eu ainda não ouvi dos prefeitos petistas. Nesse sentido, o
PSDB seria o único Partido que poderia se colocar contrário a esse Projeto, porque
o PSDB tem no seu programa o parlamentarismo. O encaminhamento dessa Emenda não
está contemplando o parlamentarismo. O PSDB pode cobrar do Sr. Fernando
Henrique Cardoso por não cumprir o programa do Partido. Fora disso, é medo; ou
então é igual ao divórcio, igual a aborto: era um caos se o Congresso aprovasse
o divórcio ou o aborto, como se todo o mundo a partir daí fosse obrigado a se
divorciar ou a abortar. Foram aprovadas as leis e o País melhorou. Podem
aprovar a reeleição, porque vai votar quem quiser, pois ninguém será obrigado a
votar no Sr. Fernando Henrique Cardoso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Não havendo mais inscrições para encaminhamentos, colocamos em votação nominal
a Moção. (Após a chamada.) 08 votos SIM,
04 votos NÃO. APROVADA a Moção de autoria do Ver. Adeli Sell.
Não há mais requerimentos.
Sobre a mesa um ofício do Ver. Reginaldo Pujol, do qual o Sr. 1º Secretário
procederá à leitura.
O SR. 1º
SECRETÁRIO:
Ofício do Ver. Reginaldo Pujol:
"Venho informar por meio desta, que nos dias 22 e 23 de
Janeiro, por motivos Partidários, estarei em Brasília, não podendo, portanto,
comparecer às Sessões, nos dias acima mencionados.
Outrossim, solicito que seja dada ciência em Plenário, da minha justificativa de
ausência.
Atenciosamente."
O SR.
PRESIDENTE: Informamos, também, aos Srs. Vereadores, em
especial ao Ver. Fernando Záchia, que fez uma consulta à Mesa, em favor da
Casa, precavidamente, solicitando esclarecimento sobre a validade ou não da
contratação dos técnicos especiais para assessorar a Casa com relação a reforma
do Plano Diretor e assuntos de planejamento urbano, que a Mesa solicitou à Srª.
Procuradora, Dr.ª Marta, e ela elaborou um Parecer sucinto que passarei a ler
para a informação de todos os Srs. Vereadores:
"Srª Diretora
Legislativa:
Em resposta à consulta
formulada por V.Sª., acerca da validade da Resolução nº 1331/96 frente ao
arquivamento do Projeto de Lei do Executivo que encaminha Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano, informo.
É competência privativa da
Câmara Municipal a organização, funcionamento, criação e extinção de seus
cargos e funções. É competência da
Câmara Municipal a elaboração e reavaliação do Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano e demais instrumentos de desenvolvimento, definidos na Lei Orgânica.
Em face das prerrogativas
acima, a Câmara Municipal pode criar cargos de assessoria, permanente ou
temporária, com atribuições de assessoramento em todos os trabalhos
legislativos de reavaliação do Plano Diretor,
nos projetos pertinentes à matéria, bem como em questões relacionadas ao
planejamento e desenvolvimento urbano.
Assim, o provimento dos
cargos em tela, criados pela Resolução nº 1321/96, não são específicos ao exame
do projeto de lei do Executivo ora arquivado por força regimental.
Em 15.01.97"
Consideramos que este é um
esclarecimento que a Presidência e a Mesa fazem questão de dar aos Srs.
Vereadores, dizendo também, Ver. Fernando Záchia, que nas conversas informais com a Procuradoria, com o Setor
Legislativo e com a Diretoria Legislativa, temos considerado que o Projeto
enviado pela Prefeitura a esta Casa, permanece na Casa e, por força do
Regimento, está arquivado temporariamente. Não há pedido de retirada por parte
do Município. Então, seria um argumento forte a mais para dizer que o Projeto
permanece, que a Casa continua com seus
trabalhos se preparando para o momento da discussão em Plenário.
Com a palavra, para uma
Comunicação de Liderança, o Ver. João Dib.
Solicito ao Srs. 1º
Vice-Presidente, Ver. Isaac Ainhorn, que assuma a presidência dos trabalhos.
(O Sr. Isaac Ainhorn assume
a presidência dos trabalhos. )
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. O Ex-Prefeito Tarso Fernando Herz Genro,
desastradamente por parte da Presidência desta Casa, foi advertido no dia 21 de
outubro, quando deveria sê-lo muito antes. E foi advertido por falta de
resposta a um Pedido de Informações. E
a preocupação da Casa, que vota Moções de Repúdio e Sessões utilizando o Grande
Expediente, não parece ser com a fiscalização que deve ser a meta de cada
legislador.
A Câmara, na semana que
passou, não fez a sua Sessão para homenagear a extraordinária figura de Manoel
Vargas, falecido naquele dia, que no seu discurso de posse dizia que assumia para governar com a Câmara Municipal,
e que a Câmara Municipal representava a síntese dos anseios, das necessidades e
das vicissitudes do povo porto-alegrense. Mas o Executivo diz que não, que quem
faz isso é o Orçamento Participativo. Nós não conseguimos nada! Basta pedir a
colocação de qualquer coisa através de Pedido de Providências para ver quando
será atendido. Já pedi para tirar uma parada de ônibus, que é a única no mundo em cima de um viaduto, e não
fui atendido ainda.
No dia 12 de novembro, eu
fazia uma solicitação de um Pedido de Informações para que o Prefeito
respondesse se as Leis 7.889 e 7.890 foram editadas após o recebimento da correspondência firmada pela Presidência da
Câmara informando aprovação, encaminhando a Redação Final dos Projetos de Lei
do Executivo nºs. 59/96 e 60/96. Eu não obtive resposta. Eu acho um desaforo
para esta Casa, e é por isso que sou chato, sou intransigente, mas eu sou
atento, muito atento. Eu quero respeito para com esta Casa, que continua sendo
desrespeitada. Por isso é que a pequena infração à lei, possibilita a grande
infração. Estas duas Leis foram votadas numa sexta-feira, à noite, em
convocação extraordinária, mostrando o desejo da Câmara em servir o povo de
Porto Alegre, mas servir dentro da lei. Foi discutida as 48h de prazo para que
pudesse ser votado o Projeto. Então, votamos sexta-feira à noite e não veio
toda a Bancada do PT, e o interesse era do PT, porque se tratava de duas
aberturas de créditos suplementares, - coisa que lá, na Assembléia, está sendo
negada pelo PT - para que o povo do Rio Grande
tenha melhores dias para a circulação dos veículos e de suas próprias
riquezas. Lá foi negado, aqui nós fizemos a votação sexta-feira à noite. Mas
isso não autorizava o Prefeito a nos desrespeitar, como fez no passado, quando
editou a lei sobre Plantas de Valores, sem que a Câmara tivesse aprovado o
Projeto de Lei na sua Redação Final. Antes de chegar a Redação Final, o
Prefeito, supremo chefe do Município, autoridade maior, imperador do Município,
já no dia 11 de novembro, editava as duas Leis, numa forma, portanto, de
profundo desrespeito a esta Casa.
O segundo desrespeito
ocorreu quando não respondeu ao Pedido de Informação. E não estou inventando.
Está aqui a Lei, que o Município diz que foi publicada no dia 11.11.96, e está
aqui o protocolo de recebimento dos ofícios, que encaminharam as duas Leis,
datado de 13.11.96. Portanto, o superprefeito, com a sua bola de cristal, sabia
qual era a sua Redação Final e editava uma Lei sem que tivesse sido aprovada.
Uma lei só é lei quando aprovada a sua Redação Final; senão, não é lei, é
apenas um projeto. O Prefeito desrespeitou e a Câmara está silenciando.
Quem sabe vamos fazer outra
advertência e não Moção de Repúdio? Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Isaac Ainhorn): O Ver. Adeli Sell está com a palavra. Desiste. A Verª Anamaria Negroni está com a palavra.
Ausente. O Ver. Carlos Garcia está com a palavra.
O SR. CARLOS
GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, neste
momento, gostaríamos de lembrar que no dia 19 deste mês completou quinze anos
que a nossa cantora maior, Elis Regina, faleceu. Fazemos questão de registrar
essa data, porque os movimentos culturais da nossa Cidade carecem de maiores
incentivos. Elis Regina foi fruto de um programa daquela época: o Clube do Guri
da Rádio Gaúcha.
Hoje temos uma cantora -
Adriana Calcanhoto - que está galgando o seu espaço em nível nacional.
Mas, entendemos que outras "Elis
Reginas" devem estar escondida em nosso Município. Entendemos que as
manifestações culturais devam ser incentivadas em larga escala. Por isso,
novamente o nosso registro pelos 15 anos do falecimento da nossa cantora maior.
Amanhã, entra em vigor a tão
famosa CPMF, que, embora não seja um assunto específico da nossa Cidade, vai
atingir a todo o povo brasileiro.
(Lê): "APRECIAÇÃO À
RESPEITO DO 'CPMF' "
Preliminarmente, cabe
ressaltar a natureza tributária deste instituto, ao qual ora faço menção e trago à ciência dos
estimados colegas.
O imposto em evidência
incide sobre cheques, Doc's de pagamento em geral, títulos, duplicatas,
promissórias, letras de Câmbio, etc., bem como movimentações pertinentes ao uso
do cartão de crédito.
Ora, há que se salientar a
singular utilização deste imposto sob o
ponto de vista tributário/global, haja vista sua existência dar-se somente no
Brasil. Não obstante, é fundamental a observância de duas experiências anteriormente ocorridas (Peru e Argentina),
experiências estas, as quais não lograram êxito e, por conseguinte, resultaram
em tragédias financeiras para a administração pública e privada, oriundas
destas nações.
Uma vez delineado este breve
apanhado histórico e estrutural no que tange à CPMF, passemos a enfatizar de
forma técnica e, fulcrados em subsídios atualizados e providos de credibilidade
oficial, alguns pontos relevantes.
Antes de qualquer coisa,
dentre todos os impostos vigentes no território brasileiro, os quais tenham
como órgão arrecadador a União, ou que lhe sejam repassados determinado "quantun", este já é o
de número 59, evidenciando um excesso de tributos.
Verificando-se que a
arrecadação tributária do país em 1996 foi de 60 bilhões de reais e que, se
considerados os Municípios, Estados e Distrito Federal, este valor chega a 120
bilhões de reais. O valor de 6 bilhões estimado para ser recolhido em 1997 com
o CPMF é extremamente expressivo.
Outro aspecto bastante
polêmico e, portanto, suscetível a severas críticas, é sob quanto está
assentada a arrecadação deste imposto (2 trilhões e quinhentos milhões de
reais), 5 vezes o valor do PIB/97.
Dentre os aspectos
positivos, a prerrogativa que nos parece mais vultuosa é a imunidade e isenção
a este imposto que atinge aposentados
que recebem até 10 salários mínimos, saque para seguro-desemprego, FGTS, PIS, PASEP
e trabalhadores que recebam até 3 salários mínimos.
Existem correntes de
economistas que crêem na possibilidade de "quebra" de micro e
pequenas empresas, por causa da implementação, por parte do Governo, de tal
imposto, pois essas empresas trabalham com margem de lucro muito baixa.
Embora a carga tributária no
Brasil seja de aproximadamente 24% (considerada baixa, comparada com outras
cargas tributárias: EUA 32%, Suécia/Suíça/Espanha 35%), é repassada aos preços,
(no caso do patrimônio - IPTU; do capital - IR; do consumo - ICMS), e ao nosso
ver, isto é bitributação. O efeito cascata que faz com que fatos geradores de
uma mesma ação venham a ser sucessivamente tributados, no caso do atacadista,
do varejista, do revendedor e do consumidor, é, no mínimo, injusto, pois todos
pagamos 0,20%.
Observação:
Carga tributária = arrecadação total de impostos
P I B
Carga tributária = 120bilhões = 0,24
= 24%
500 bilhões
Em última análise,
gostaríamos, ainda, de salientar que por interesses "desconhecidos",
o Governo Federal (Tesouro Nacional), gastou 11 bilhões para sanar dívidas e resolver problemas de ordem
financeira de alguns bancos privados (Econômico, Nacional), atitude esta
incoerente, tendo em vista que no exercício fiscal do ano vigente, o mesmo
governo estima arrecadar 6 bilhões, com
a CPMF."
O Sr. João
Dib: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Onze milhões realmente
assustam a população brasileira. Mas alguém que tenha um pouco mais de idade
lembra-se do Banco Pelotense, que, até hoje, deixa pessoas morrendo em razão do
que aconteceu naquele tempo. O governo não socorreu o banqueiro, socorreu os
depositantes do Banco. Aquelas pessoas que operavam com aqueles bancos, e esse
dinheiro há de ser devolvido para o governo. Portanto, havia uma necessidade de resolver o problema de
muitos milhões de brasileiros que
depositavam nesses bancos que foram mal-administrados, perversamente
administrados, desonestamente administrados, mas o povo brasileiro não poderia
ficar mal.
O SR. CARLOS
GARCIA: É,
esperamos que esse dinheiro realmente retorne, porque, mais uma vez o povo
brasileiro está sujeito a ser lesado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador. )
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): O próximo orador é o Ver. Clovis Ilgenfritz, no período de
Comunicações, 10 minutos com V. Exa., são permitidos apartes.
O SR. CLOVIS
ILGENFRITZ:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu aproveito estes minutos que nós temos para
Comunicações e passo aos Srs. Vereadores algumas questões que estão sendo
tratadas pela Mesa da Câmara e em representação deste Legislativo nesses
primeiros dias de 1997.
Primeiro, gostaria de informar que fomos honrados, como Poder
Legislativo Municipal, com a tarefa de abrir, dar abertura às festividades da
Festa dos Navegantes, da devoção de Nossa Senhora dos Navegantes, cujo Presidente
da Provedoria é o Sr. Aldo Besson. Estivemos lá, fizemos a representação da
Casa, com algumas palavras na abertura, assim como o Sr. Aldo Besson e o Padre
Heli. Acompanhamos a procissão, depois
recebemos um fax, muito bonito, da Provedoria,
assinado pelo Sr. Aldo Besson, que está à disposição dos Srs.
Vereadores, agradecendo, elogiando e dizendo da importância dessa festa. Nós
achamos que, realmente, é o maior
acontecimento popular, religioso, do nosso Estado e é tido como a
segunda maior festa nacional. No ano passado nós tivemos um milhão e meio de
pessoas que visitaram e participaram da festa nos dias previstos. Dia 24 começa
uma novena à noite e todos foram convidados.
E nós vamos participar dentro da programação, em especial, no dia 2 de
fevereiro. O convite feito à Presidência, à Mesa, é extensivo insistentemente a
todos os Srs. Vereadores e a todos os nossos servidores públicos da Câmara.
Por outro lado, recebemos
também, no dia 17 passado, a visita do Vice-Prefeito Municipal, na condição de
Secretário do Governo. Fez uma visita à Presidência. Tratamos de deixar claro
que esta visita inicial do Secretário
de Governo, para nós, é muito importante pois esta Secretaria é quem tem a
maior ligação em termos de representação do Executivo com o Legislativo, pois
pela Secretaria de Governo são filtrados - passam pelo crivo da Secretaria,
todos os projetos que vêm para esta Casa. Ele fez questão de fazer esta visita,
apresentou-nos dois Assessores principais. Ele vai continuar com a assessoria
sempre querida por todos nós, do Jornalista. Adauto Vasconcellos, que é o nosso
"Embaixador", como assim o chamamos, mas vai também ter a
participação de mais dois Assessores que estarão permanentemente em contato
conosco. Fez questão de deixar o recado do Sr. Prefeito, e vamos fazer uma
agenda para que nos visitem e conversem com as Lideranças das Bancadas, com a
Mesa e com esta Casa, logo na abertura do processo legislativo. Discutimos
alguns Projetos que estão sob a sua orientação...
O Sr. João
Dib: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador Presidente, eu
espero que esses três Assessores do Prefeito não estejam sempre no plenário,
mas apenas um deles.
O SR. CLOVIS
ILGENFRITZ:
Está certo, Vereador. Essa norma que V.
Exa. tem, como um fiscal que tem prática, nós sabemos que o Prefeito também
tem, mas por uma deferência deste Legislativo é assegurada uma cadeira especial para um de seus Assessores, os
outros poderão ficar fora do recinto do Plenário, mas estarão colaborando. O
Subsecretário, que é o Ricardo Zamora, Assessor, vai participar efetivamente de
todo esse processo: conferir os Projetos, tentar esclarecer os Srs. Vereadores.
Nós, de nossa parte, fizemos a apresentação ao Executivo Municipal dos nossos
diretores: Diretor-Geral, Financeiro, Administrativo e Legislativo. Foi uma
troca de informações. Dentre os Projetos que ele mostrou interesse em colocar
em discussão, além daqueles que estão vindo do Executivo - que são motivos de
Veto e que estão sendo informados aos Vereadores - nós discutimos questões
preliminares no encaminhamento, por exemplo, das áreas que foram colocadas na
imprensa; pendências que existem para resolver problemas das áreas ocupadas
pelo Grêmio e pelo Internacional. Em especial a questão da permuta prevista
entre o Executivo Municipal e o Esporte Clube Internacional, de excesso de área
junto ao Beira-Rio e a entrega, em pagamento dessas áreas, do antigo Estádio
dos Eucaliptos para o Poder Público, que poderia ali localizar um complexo
esportivo amador, dedicado a produzir e incentivar o esporte, às federações das
mais diversas modalidades. Isso está sendo discutido.
Ele também trouxe a
preocupação sobre o Parque de Eventos; as áreas previstas recolocadas em
discussão nos deixou claro que dois carnavais, na modalidade tradicional que
está se organizando, aqui, darão a despesa de organização do local, em especial
do espaço físico. Com dois carnavais nós pagaríamos a pista de eventos no que
há de fundamental para o seu funcionamento, não as obras complementares, mas
seria o suficiente para justificar. Por outro lado, nós discutimos questões
sobre a propaganda ao ar livre, que é uma preocupação do atual Executivo, que
precisa ser regulamentada. Sobre isso há uma lei tramitando na Casa,
casualmente de minha autoria, mas que tem a colaboração de muitos Vereadores.
Ele enfatizou o interesse do
Município em levar adiante a obra do crematório. Outros Projetos também foram
colocados.
Quero ainda relatar aos Srs.
Vereadores que ontem recebi a visita do Sr. César Krob, o principal organizador
do já conhecido tradicionalmente, e famoso, Baile Municipal. Ele trouxe alguns
convites para os Srs. Vereadores. Na Mesa, discutiremos um critério de
distribuição proporcional por Bancada. Não há convites para todos, mas sabe-se,
também, que muitos não participam desse tipo de evento. É um Baile da
Cidade que se desenvolve em dois dias.
Em função da visita do
Vice-Prefeito, nós já tivemos um retorno com a visita do Presidente do
Internacional, o Sr. Pedro Paulo Záchia, que veio acompanhado dos Vereadores
Cláudio Sebenelo, Hélio Corbellini e Fernando Záchia. Tivemos uma conversa
sobre o Internacional e as áreas ocupadas.
Sobre outros assuntos que
estão encaminhados pela Mesa e que, hoje, serão motivo de discussão na reunião
da Mesa, às 14h30min, eu farei sempre o possível para, usando o tempo
regimental, fazer relatos e deixar os Srs. Vereadores a par do que está
acontecendo. Isso faremos, além das tarefas administrativas precípuas que nos
envolvem todo o tempo, principalmente neste momento de transição e de ajustes.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com
a palavra o Ver. Eliseu Sabino. Desiste. Com a palavra o Ver. Fernando Záchia.
Ausente. Com a palavra o Ver. Gerson Almeida.
O SR. GERSON
ALMEIDA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Vou ser breve, mesmo que o assunto seja da
maior relevância, mas já toquei nele quando do encaminhamento da Moção do Ver.
Adeli Sell. Vou ser sucinto até porque o assunto é de domínio público.
Quero anunciar à casa que
estou encaminhando um Voto de Congratulações pelo centenário de Barbosa Lima
Sobrinho, que ocorre no dia de hoje. Sei que não é necessário ser votado pelo
Plenário, mas quero comunicar aos Pares na medida que independe de opiniões
político-partidárias, pois o Sr. Barbosa Lima Sobrinho é um patrimônio da luta
pública do nosso País. Então, com certeza, acredito que todos os Vereadores
devem se somar a uma iniciativa desse tipo.
Vejam, quem em 1937, quando
entrou para a Associação Brasileira de Imprensa, nove anos depois foi Deputado
Constituinte, em 1946, ou seja, cumpriu uma das principais tarefas que podem
ser dadas a um homem público. E logo depois foi Governador de Pernambuco.
Voltou à Câmara em 1958. Em 1964, apesar de ter profundas críticas ao Governo
de João Goulart, de ser um opositor político, foi um dos que se colocou, desde
o primeiro momento, contra o Golpe Militar de 64.
Uma coisa que engrandece a
trajetória pública desse cidadão, foi a de ser o Vice-Presidente, da chamada
anticandidatura, de Ulysses Guimarães, em 1984, uma postura clara de marcar
presença. Sem nenhuma chance no Colégio
Eleitoral, sobre o qual já sabíamos os resultados, não quando os candidatos
estavam sendo postos, mas antes, quando já sabíamos que o resultado seria o
indicado pelo general de plantão.
Então, não tinha idéia de
ganhar no Colégio Eleitoral, mas marcar presença e abrir um debate de norte a
sul do País, demonstrando a crítica ao regime vigente e a primeira grande
campanha de porte nacional de resistência ao regime autoritário. Ele foi o Vice-Presidente
na chapa de Ulysses Guimarães, porque já, à época, gozava de prestígio e
autoridade pública que o colocava acima das facções ou partidos políticos.
O movimento democrático da
época o reconhecia como uma das principais figuras públicas e que tinha
autoridade política, moral e honradez suficientes para representar a luta
contra o regime autoritário. De lá para cá não deixou de haver atos de grande
importância, por exemplo, foi quem, junto com o Presidente da OAB, à época,
assinou e entrou com o requerimento de "impeachment" do Governo
Collor de Mello. É uma pessoa que confunde a sua história, os seus anos de
vida, a sua luta pública, e tudo se confunde com os momentos mais importantes
da luta política pela democracia e
pelas boas causas do nosso País.
Quero aproveitar o momento
para registrar isso e anunciar, mesmo sabendo que não é mais necessário votar
os Votos de Congratulações em Plenário, mas anunciar que estarei fazendo isso e
acredito que boa parte, em nome da Câmara Municipal de Porto Alegre, soma-se a
essa singela, humilde, mas necessária homenagem a essa figura pública que
,hoje, aos cem anos, ainda é o Vice-Presidente do Comitê Nacional em Defesa do
Patrimônio Estatal e da Vale do Rio Doce, em particular, ou seja, é uma pessoa
que no seu centenário não parou de lutar e continuar colocando o seu prestígio,
seu nome, sua energia e sua experiência
ao lado das grandes causas públicas, e agora na causa contra a reeleição. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Estão inscritos os Vereadores Guilherme Barbosa e Isaac Ainhorn. Ausentes. O
Ver. João Dib está com a palavra.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, sou dos que pensa que um homem não tem idade, ele
tem vida, e o nosso querido Barbosa Sobrinho tem cem anos de vida. Não sei! O
tempo é muito difícil de contar, mas na realidade ele tem vida, e desejo que
tenha muita vida ainda pela frente.
Hoje, o Dr. Leonel de Moura Brizola faz setenta e
cinco anos, foi Prefeito de Porto Alegre, formulo votos de que ele continue
feliz e que seja útil ao País como é Barbosa Lima Sobrinho.
Mas, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores um homem público deve ter sensibilidade e capacidade de resposta. O
Prefeito Raul Pont foi eleito com 52 ou 54% dos votos, não sei exatamente
quantos; foi eleito sem dúvida nenhuma
pela maioria da população porto-alegrense. Mas ele tem que, de repente, se
situar nesta posição de Prefeito, de todos os porto-alegrenses. Os Vereadores
foram eleitos com cem por cento dos votos dos porto-alegrenses, o Prefeito da
Cidade representa o Poder Executivo, que representa a Cidade; ele não pode
estar usando o Salão Nobre da Prefeitura para fazer as suas pregações
políticas, e contrariamente à reeleição. Tenho para mim que o Prefeito Raul
Pont tem todo o direito de fazer a sua pregação contra a reeleição, mas na
condição de político e não na condição de Prefeito e dá para desvincular as
duas posições, apesar de que ele sempre será, durante quatro anos, Prefeito. A
estrutura do Salão Nobre não aceita muita gente, e eu sei que naquele dia havia
a preocupação com o piso do Salão Nobre, porque não se sabia quantas pessoas
haviam lá dentro. Sei que houve preocupação,
provavelmente dirão que não houve, que
estava tudo certo, mas o Paço Municipal precisa de reformas urgentes,
sérias, para que o piso do Salão Nobre
possa voltar a receber bastante gente. Mas não é lá, Ver. Gerson Almeida, que se deve realizar esse tipo de reuniões
que, também o Prefeito Tarso Genro fez, mas fez na frente da Prefeitura.
O Sr. Gerson
Almeida: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Caro Ver. João Dib, o Prefeito eleito de Porto Alegre elegeu-se
por um programa, por compromissos políticos. A Emenda da reeleição, segundo o
próprio Presidente da República tem colocado, só aceita que seja reeleição para
Presidente, governadores e prefeitos. Portanto, nada mais legítimo e justo, - e
a nosso ver correto - , que o Prefeito da Capital se una a outros Prefeitos que
são contrários à mudança de regras de jogo no meio do caminho. Foi isso que o
nosso Prefeito fez com o apoio de muitos Prefeitos. Não houve dificuldade
nisso, posto que a figura pública de Prefeito e seus compromissos políticos são
inconfundíveis, não se trata de usar a máquina pública em benefício de uma
causa pública.
O SR. JOÃO
DIB: O Dr.
Raul Jorge Pont é o Prefeito de Porto Alegre, mas ele poderia fazer como fez
ontem, ir ao Plaza São Rafael, ou ao Gatopardo, como ele gosta tanto, colher as
assinaturas necessárias, nunca no Palácio Municipal, porque ele é de todos os
munícipes. Se fizerem uma pesquisa em Porto Alegre, acredito que 70 ou 80%
dirão sim à reeleição. Então o Prefeito que represente os munícipes e não a sua
grei partidária, que ele faça a sua representação da grei partidária quando ele
estiver trazendo a solução dos problemas da Cidade. Faça as suas reuniões fora
do Palácio Municipal, como o Sr. Raul Pont e não como Prefeito de Porto Alegre.
Ele não tem esse direito, até porque o Salão Nobre corre risco.
O Sr. Gerson
Almeida:
(Aparte anti-regimental) O problema é engenharia.
O SR. JOÃO
DIB: O
risco se soluciona com engenharia, não é um problema de engenharia, a solução é
da engenharia, mas o problema não, o problema é da Prefeitura Municipal
determinar que se tomem providências para que o pavimento seja reforçado, a
engenharia tem a solução para isso, sem dúvida nenhuma.
Sempre digo que a lei deve
ser clara, precisa, concisa e respeitada. Por exemplo, todo mundo sabe que
viaduto e ponte são para não estacionar ali; são para ter um bom fluxo do
tráfego. Porto Alegre, na Administração Thompson Flores, fez o Viaduto José Loureiro
da Silva para que aquele terrível nó, da Duque de Caxias, Annes Dias e Salgado
Filho, tivesse uma solução. A Prefeitura, numa medida inteligente, estabeleceu
entrada à esquerda da General Vitorino para a Annes Dias, para passar sobre o
Viaduto, tem entrada à direita e à esquerda,
só que colocou sinalização de parada proibida, e não é respeitada por
ninguém. Mas não pode ser respeitada quando a Prefeitura coloca uma placa
contrariando tudo o que existe, no mundo, em matéria de trânsito para que o
Lotação estacione sobre o Viaduto. É importante lembrar que quem desce no
Viaduto não vai a lugar algum. Ele não vai pular o muro do Viaduto para ir ao
local que ele quer. Ele poderia parar na
Dr. Flores. Eu não vou fazer um pedido de uma Indicação ao Governo do
Estado, mas sim ao Comandante da Brigada Militar, - já que fiz um comentário na
Rádio Guaíba sobre esta parada e encaminhei aos comandantes dos diversos
batalhões da brigada militar em Porto Alegre. Vou dirigir-me ao Comandante da
Brigada Militar e ao Secretário Municipal de Transportes, que são autoridades
de trânsito da Cidade, do Executivo, para que aquela parada, que desrespeita o
bom-senso de todos os porto-alegrenses, seja dali retirada o mais rapidamente
possível. Não é que eu não tenha feito
contatos com o próprio Secretário Municipal dos Transportes, que foi tesoureiro
do Movimento dos Sem-Terra também. Eu fiz muitas solicitações a ele, inclusive
publicamente, e não vi ser retirada
aquela parada de ônibus sobre o Viaduto. Ninguém vai pular a murada do Viaduto
para se dirigir à Rua Dr. Flores. Coloque a parada na Dr. Flores, faça
respeitar a sinalização.
O Sr. Juarez
Pinheiro:
V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu gostaria que V. Exa.
informasse a este Vereador se já recebeu do próprio Secretário Bertotto, a
resposta a essa colocação que, reiteradamente tem feito na tribuna da Câmara,
porque V. Exa. chegou a afirmar que isso é ilegal, e usou ,inclusive, palavras
que tive disposição de solicitar que fossem retiradas do pronunciamento, por
serem anti-regimentais, pela baixa qualificação dada a essa questão, relativamente
àqueles profissionais e ao próprio Secretário. Não o fiz, porque achei que era
necessário esperar as respostas. V. Exa. já deve ter recebido, e é importante
esclarecer a este Plenário, se já recebeu uma comunicação do Secretário de
Transportes sobre essa matéria, ou ainda está nos entraves burocráticos o
encaminhamento. Face a cadência de seus pronunciamentos, não procede aquilo que
V. Exa. Disse, aqui, neste Plenário, de que essa medida era ilegal. Se V. Exa.
não recebeu ainda, eu coloco à sua disposição, porque tenho cópia desse Ofício que foi dirigido a V.
Exa., onde diz, no art.46, do Regulamento
do Código Nacional de Trânsito que é possível, sim, em situações especiais,
a colocação de paradas em viadutos. Acho importante que V. Exa. dê uma lida no
art.46 que diz: "De acordo com as conveniências de cada local, a
autoridade de trânsito poderá: Inc.VII - Permitir, quando devidamente
justificados, os estacionamentos e a parada de veículos nos viadutos e outras
obras de arte, respeitadas as limitações técnicas. " Reconheço o seu
direito de não concordar, mas quero dizer que há aqui justificativa, e não é
ilegal essa colocação. Peço que V. Exa. retifique ao menos no que tange à
ilegalidade.
O SR. JOÃO
DIB: Sou
grato a V. Exa., mas não lembro de ter me dirigido desairosamente ao comando e
aos técnicos da Secretaria Municipal dos Transportes. Se o fiz, vou-me redimir.
Ninguém vai colocar na cabeça de um semelhante seu que, sobre um viaduto, que
se constrói para que o trânsito flua, faça-se um estacionamento. E somos
desrespeitados, em Porto Alegre, por consulados estrangeiros, que nos seus
países de origem não fariam estacionamentos em parada proibida, e muito menos
sobre viaduto. Portanto, é importante, e não recebi nenhuma comunicação do
Secretário Municipal dos Transportes, a quem me dirigi pessoalmente, várias vezes,
e publicamente muitas vezes mais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Estão encerrados os trabalhos da 5ª Reunião Ordinária da Comissão Representativa.
(Encerra-se a Reunião às
11h20min.)
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